quarta-feira, 31 de março de 2010

O ex-marido de minha mãe era casado com minha irmã

Certa vez minha mãe se envolveu com um homem do qual a ele, se entregou de corpo e alma uma pessoa antiquíssima, onde para ele a televisão era um sinal de perdição. Enquanto ela vivia a fazer suas vontades eu e minhas irmãs, vivíamos a mercê de suas boçalidades, onde não podíamos rir, pois o riso era visto como um luxo desnecessário. Éramos obrigados o ouvir todos os dias uma certa rádio evangélica “pirata” de um pastor apócrifo, onde o seu grito de oração mais parecia querer atrair o diabo para dentro de minha velha casa.
Foram nove anos de brigas e discórdias, minha mãe o amava, minhas irmãs o odiavam e eu sofria calado achava que poderia fazer de um ignorante xucro um pai para toda a vida, mas não consegui. Os motivos das discussões eram um só “Fernanda” não que minha irmã atrapalhava o casamento de minha mãe, mas ele parecia querer ser casado com as duas como dela ele só conseguia o ódio e o desprezo talvez quebrar as coisas em casa fosse um modo de chamar a atenção da minha mãe e mostrar para ela que a Fernanda era a culpada do casamento deles estar acabando.
Vivíamos enclausurados do mundo, num eterno exílio, elas eram o alvo de suas ignorâncias e eu a platéia que não se manifestava. Me lembro como se fosse hoje o dia em que ele bateu na Fernanda tapas e murros que doíam dentro de mim por não poder fazer nada, tapas que representavam o ódio de não pode tê-la como sua mulher, feitora de suas vontades e eu mais uma vez sofri calado ao vê-la sangrando. O amor de minha mãe o desculpou assim como ela o desculpou quando ele a traiu com uma cafetina.
Eu acho que ele buscava em minha mãe um amor escravo de nenhuma palavra, ele queria apenas ouvir um eu te amo toda vez que lhe desse vontade e com isso mostrar ao seu orgulho machista que ele era o dono da verdade, onde o seu procedimento arbitrário reduziu todo esse amor doentio que ela sentia por ela a pó, um sentimento que os separou da vida de marido e mulher e ao sair pela porta da minha velha casa pela qual nunca mais entrou, ele levou consigo todo o ódio e repugnância que guardamos conosco durante nove anos. Depois desse dia o riso passou a fazer parte de nossa família.

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